Senadores querem punição para fraude nas Americanas
(Edição Scriptum com Agência Senado) Em audiência pública requerida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado cobraram na terça-feira (28) a punição dos responsáveis pela fraude contábil ocorrida nas Lojas Americanas, estimada em mais de R$ 20 bilhões. A audiência teve a participação de representantes da companhia, do sistema financeiro e de órgãos de controle.
Otto Alencar criticou a atuação da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC). Convidada para a audiência pública, a organização não enviou representantes para a Reunião da CAE. “É um atestado de que errou na auditoria de uma empresa tú importante, que empregava tantas pessoas. A Price fez uma maquiagem na contabilidade das Americanas. Perdoe o termo mais duro, mas foi uma empresa bandida nesse caso. Maquiou toda a contabilidade. Se houve fraude, a Price está envolvida na fraude”, afirmou.
Veja em vídeo trechos da audiência da CAE. O parlamentar baiano, líder da bancada do PSD no Senado, apresentou na segunda-feira (27) um projeto de lei (PL 1.440/2023) que prevê medidas de proteção ao sistema financeiro contra fraudes contábeis. O texto pune dirigentes de empresas de auditoria, caso seja comprovada negligência ou imperícia no exercício da função.
O atual diretor-executivo das Americanas, Leonardo Pereira, reconheceu que a dívida “é bastante grande”. Mas disse que a intenção inicial era pagar os débitos com pequenos credores. Dos 9,5 mil credores incluídos no plano de recuperação judicial, 4,5 mil são trabalhadores da empresa ou micro e pequenas empresas.”A gente tentou retirar aqueles credores menores, que são muito machucados nesse processo. A companhia começou a pagar. Mas veio o recurso de um banco, pedindo para suspender os pagamentos. De R$ 240 milhões, a gente pagou R$ 120 milhões para esses credores”, explicou. “Maquiagem”Para o senador Omar Aziz (PSD-AM), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve apurar a conduta da PwC.
O parlamentar quer evitar que outras firmas auditadas pela empresa passem pela mesma situação das Americanas. “Se a Price maquiou ou deixou maquiar as Americanas, a CVM tem que tomar providências. Temos que ser mais rigorosos. Até porque a Price trabalha para governos de Estado e empresas que estú nas bolsas de valores. Eu me preocuparia muito se por trás das empresas de que tenho ações estivesse a Price como auditora. O efeito cascata é sério”, alertou.Da mesma forma, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) criticou a atuação da empresa de auditoria. Mas destacou que a imagem e a credibilidade das Lojas Americanas precisam ser preservadas, para garantir a manutenção do emprego dos mais de 40 mil trabalhadores.”Por mais que tenha acontecido esse rombo no balanço e um erro grosseiro por parte de Price, as Americanas continuam sendo uma empresa solvente. Acredito que caberá aos acionistas majoritários, para acabar com essa pendenga, chamar seus fornecedores e pagar suas dívidas porque existe capital para isso. Se ficar somente na hostilização da marca, termina essa marca sendo degradada, e quem vai acabar perdendo com isso são os funcionários”, alertou.
O presidente da Comissão, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), classificou como “inadmissível” a PwC Não perceber um rombo como esse”. O parlamentar também demonstrou “estranheza” com o fato de os acionistas de referência das Americanas, donos da holding 3G Capital ” os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira ” ainda não terem honrado os compromissos das Americanas com os credores, especialmente, os menores. “O que me causa estranheza é que os acionistas majoritários, que eram referência de prosperidade para nós, empresários brasileiros, pessoas empreendedoras, que viraram livro, não colocaram a mú no bolso nesse momento em que muitos estú agonizando e alguns tentando o suicídio. A recuperação judicial é desumana, com deságio de até 70% e parcelamento em 48 vezes”, criticou. “Inconsistências” A audiência pública contou com a presença de Sergio Rial, que comandou as Americanas entre 2 e 11 de janeiro. Antes de deixar a empresa, o então diretor-executivo comunicou ao mercado financeiro sobre as “inconsistências contábeis” da companhia.
Rial classificou o controlador anterior das Americanas, Miguel Gutierrez, como “centralizador”. Disse ainda que, entre setembro e dezembro de 2021, participou de 21 reuniões na empresa como consultor. Mas que, apenas em janeiro, após assumir formalmente o comando da companhia, foi informado por dois diretores sobre os problemas no balanço patrimonial.Não recebi algo no papel. não recebi algo como se fosse um mapa. Extraia a conta-gotas as informações dia após dia. não havia uma predisposição para explicar tudo que aconteceu. Nada disso. O que eu sabia é que a empresa tinha muito mais dívida bancária do que havia reportado. E o que eu não sabia: como conseguiram fazer isso durante tanto tempo e por quê?”, questionou.Sergio Rial negou “qualquer tipo de conflito” na contratação dele pelas Americanas. Mas o presidente da CVM, Joú Pedro Barroso do Nascimento, que também participou da audiência pública, disse que o órgú não havia sido informado sobre o vínculo com a companhia desde maio de 2022. Segundo Nascimento, a CVM instaurou dois inquéritos e 12 processos administrativos para apurar o caso.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Menezes Ferreira, procurou tranquilizar os parlamentares. Ele disse que o caso das Americanas foi pontual e não coloca em risco a disposição do sistema financeiro em oferecer crédito ao setor. “Temos uma situação localizada e isolada de desfalque patrimonial. não enxergo que exista neste momento uma crise de crédito. Os canais de crédito estú fluindo para pessoas físicas e jurídicas. O setor de varejo responde por 25% do total da carteira de crédito dos bancos para as empresas e 35% dos recursos livres dos bancos se destinam ao varejo”, afirmou.
Fonte: https://psd.org.br/noticia/senadores-querem-punicao-para-fraude-nas-americanas/